sábado, 1 de maio de 2010

Eu vou fazer isso ao vivo.

A gente para e reflete. Podem nem acreditar na sua reflexão, mas quando se faz isso sinceramente já é válido.
Eu sou resultado de uma educação bem complexa. Metade da vida eu vivi com quem pensa bonitinho, com quem faz tudo igual, e durante essa época eu não era muito feliz. Depois vem a melhor parte da minha vida; quando eu venho morar com a minha mãe, e ela sim é do contra. Ela é nômade, nunca tá parada, gosta de muita coisa, mas não gosta daqui, dessa cidade. Essa é uma das partes que eu mais bato de frente com ela, quando ela para pra fazer uma análise sociológica dessa cidade e dizer que não tem quase nada de positivo. Nisso eu discordo, acho que tem muita coisa boa, não é a toa que amo muito muita gente, sou amada também.
Antes de entrar na universidade, eu vivia num mundo de muita gente parecida. Na época eu jurava que havia muita diferença, mas quando mudei de meio percebi que ainda não tinha vivido nadinha da vida.
Aí assim fui crescendo, formando minhas opiniões, arrodiada das mesmas pessoas. Elas acompanhavam minha evolução e eu as delas, às vezes a gente se chocava, mas no fim tudo terminava bem, porque havia entendimento. Quando a intenção era de ofender se sabia, quando não era também.
Então eu cresci assim, "sem papas na língua", como dizia a eterna Carliane! Os comentários eram sempre os mesmos:
- Maria, vc sabe o que você, é, né?
- O que mesmo?
- Otária.
hauhauhauhaua; risos, muitos risos.
Eram críticas o tempo todo, era feio.
Então chegava a época do ano que eu resolvia me tornar uma pessoa melhor, ia pro JASAC (o grupo de jovens do meu colégio), e dizia que ia melhorar, que sabia que magoava os outros, que nem todo mundo tava acostumado com meu jeitinho "dócio" de ser.

Então eu mudo de meio, UFRN, setor IV, bloco H. Venho de um lugar com outras concepções, com minhas seleções de quem me atrai ou não.
Pra começar, eu nunca tive muito jeito pra ser comum, pra ser da maioria. Principalmente porque na nossa cidade se valoriza muito meninas iguaizinhas de cabelo comprido e que gostam de uma música mais popular. Aí como eu nunca tive muito sucesso nessa modalidade, porque não sou bonita o suficiente para, resolvi ser feliz de outro jeito. Resolvi ser aspirante a uma pessoa culta. E como tudo que eu faço nessa vida eu me esforço, nesse perfil aí não é diferente. Eu ando com gente inteligente (meus amigos são o máximo), eu escuto música "boa", eu leio os livros que o namorido da minha mãe fodão manda eu ler (leio quando rola, porque nessa vida de arquiteta em formação, tá osso).
Então assim, essa galera do rock aí que eu ando, sempre é um povo mais afetado, que tem umas opiniões mais diferentes, porque gosta de ser do contra mesmo. E quando a gente conversa sobre algo todo mundo concorda, e quando sai das nossas reuniões queremos por certo que o mundo seja desprendido em algumas coisas que nem a gente. Eu pelo menos tenho um grande despreendimento moral. Acho que tudo é besteira, que ninguém liga pra nada. Eu não ligo pra muita coisa, mas quando eu ligo...
Bem. Teve um dia que eu explodi. Porque querendo ou não, quando eu sou amiga, eu sou amiga mesmo. Bati o pé, gritei, xinguei, ofendi, fiz tudo que uma pessoa pacifica que quer conviver bem não faz. Isso porque eu não estava numa fase de querer conviver bem, talvez.
Porque as diferenças existem, porque durante todas conversas no dia que tenho com minha mãe ela me planta ideias bem revolucionárias, bem diferentes, e justifica como falta de inteligência quem não aderir a isso. Isso é muito radicalismo, é loucura total, mas quem tá envolvido por uma idéia que acha que é a certa e acabou não tem paciência pra ouvir o que o outro impõe como a verdade suprema dele.
Eu sou o reflexo de tentativas. De querer se diferente da maioria, de querer ser inteligente como eu acho que minha mãe é, de ter o pulso que algumas pessoas que estão têm.
Quanto a opiniões que solto por aí, eu sei que não tinha motivo pra me meter na vida de ninguém, já que essa é uma das coisas que mais reclamo, a intromissão. A questão é que quando um assunto surge, eu não converso sozinha, ok? As pessoas dão opiniões mais imparciais, e quando eu falo realmente o que penso, sou interpretada negativamente.
E talvez eu mereça mesmo essa interpretação. Que seja.
O que importa é que eu estou aqui procurando minha paz espiritual, que acreditem ou não, eu tenho algum espírito.
E só enquanto eu digito essas coisas, toda agonia que me tomava conta já melhorou bastante. Que a melhor forma de fazer tudo ficar bem é assumir o erro, e pronto.
Pelo meu lindo eu faço qualquer coisa, e se essa for a forma de fazer tudo ficar bem, eu me arrependo sinceramente 1000 vezes, eu engulo minha arrogância 3000 vezes, e assumo que estou errada o quanto o mundo quiser.
Com isso, eu só parei para pensar que logo eu, que dizia tanto que as diferenças existem e pedia que aceitassem as minhas, vou me colocar no lugar do outro e aceitar as suas. Porque na verdade, cada um tem uma história diferente, e por mais que ainda sejamos muito jovens, o ideal que a gente carrega hoje é fruto da nossa história, e cada um de nós defende a nossa da melhor maneira que puder.

Bem que meu professor do PRÉ dizia que ia ser diferente, e eu de besta que não sabia.

Minhas sinceras desculpas, vocês não tinham, nem têm obrigação de entender quem eu sou.

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Cara, quando eu tiver que fazer isso ao vivo vai ser podre, porque eu não sei falar em público, eu não consigo organizar minhas ideias, e além de tudo eu preciso ir ao fonoaudiólogo! ahuahuaha

2 comentários:

  1. Não saquei se há uma indireta direta pra alguém nesse post.
    Mas gostei :)
    E ainda bem que sua vida é regada assim, com coisas cultas e pessoas do rock. Dê graças a Deus que não é indo pro Maranello e usando salto 20 com a roupa da moda e o gatinho do momento.
    Ser diferente é normal :D
    hahahaha

    saudades de você, Mariazinha :*

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  2. Ser diferente é normal (como bem disse Paulie) e você sabe o que eu penso dessa história toda.

    Uma pena que algumas pessoas não aguentem conviver com você pelo que você realmente é. Uma pena que algumas pessoas acham que PODAR sua personalidade é o certo a se fazer porque na real, nem é. Se tivessem a mente mais aberta pra conviver com a verdadeira você perceberiam a pessoa maravilhosa que você é. Desculpa se to muito empolgada, mas é que eu não curto muito esse tipo de intolerância.

    Mas o que a gente não faz pra conviver bem, não é mesmo? Você tá sendo corajosa, amiga e muito companheira. Esteja certa que sua consciência não tem porque tá pesada.

    Anyway, beijos muitos, te amo :*

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