domingo, 16 de novembro de 2008

Necessidades desnecessárias

Tantas melodias, tantas palavras, tantas imagens. Tudo se embaralha e desembaralha num ciclo sem fim. Se faz necessário entender os números, as fórmulas, as relações humanas e os túbulos de Malpighi. Por maior que seja o esforço e por mais fortes que sejam as orações, a cabeça teima em sair buscando um passado quase perdido num baú de memórias que não se fecha, embora já se tenha posto o lacre. E busca qualquer cheiro conhecido, uma voz que se perdeu no tempo e na distância, que num mundo de quatro dimensões torna o uno a cada momento mas dividido e multiplicado.
Não,entenderia. Se fosse capaz de entender, as coisas seriam diferentes. Ou não. Quem pode adivinhar o futuro guardado em um passado inexistente? Quando as coisas acontecem, os "e ses" são irrelevantes. Nos resta somente enfrentar a realidade que, para que nunca sofreu, parece dura e irremediável. Não é reversível. É preciso buscar outro rumo e focar num futuro que só nos espera se fixarmos os túbulos de Malpighi na cabeça. Queremos ser grandes, sonhamos com o mundo. Quando chega ao fim, as minhocas são as companheiras e o tudo vira nada, de qualquer forma.
Meus pensamentos me foram roubados. Não foi fácil, é verdade. Foi necessário insistência, persistência e paciência. Pra onde elas foram, então? Será que essas e outras coisas somem assim, sem se despedir. Sentimento fútil e fugaz! Ou talvez não. Talvez seja só o dono, escolhido por ninguém que a ninguém escolhe. Não foi bingo, não dessa vez. Talvez seja merecimento, talvez, só a vida, pregando mais uma de suas peças.Como saberia, não sei. Mas se ainda virá, cabe ao futuro descobrir. Desconheço minha predileção.
Não posso rabiscar novo desenho sem passar a borracha no que já se foi. Mas a esta esferográfica, não há corretivo. Arrancar as páginas ou fechar o capítulo? A escolha não é minha. Mas e se fosse? O que eu faria? O que você faria? É como aquela trinca na parede, cuja tendência é só aumentar. Talvez um pouco de cal a esconda, mas o problema é interno, é estrutural e, mais cedo ou mais tarde, virá à tona e não mais adiantará fingir que não existe. Se faz necessária a reforma. Para a parede, certamente, é mais simples.
Imagino, crio, fantasio. Situações, momentos e palavras. Sei que no momento esperado, não seria veneno a respingar das palavras, como previsto. O que eu dira, se pudesse falar? O que faria, se pudesse agir? O que ouviria, se a mim coubesse uma explicação? Mas, afinal, há o que se explicar?E, no seu baú, será que ainda estão os velhos livros? Ou foi tudo pela janela, com a poeira do lápis e os sonhos roubados? Estes últimos, devaneios de um binóculo que divergiu daquele foco.
Aonde foi a areia da praia, a mangueira de água, a lua, o brilho, o mar e seus banhos indesejados, os bancos quentes da orla, os corações desenhados na folha de papel, junto às equações de álgebra? Devo estar tentando fugir dos tais túbulos. Não vejo outra explicação pra tamanha necessidade de um sinal desnecessário. Não quero mais viver o presente nesse pretérito mais-que-imperfeito, esperando que o futuro traga a camisa e o brinco que o mar levou.

sábado, 8 de novembro de 2008

Verão: novos tempos. Ou não.


Enquanto minha querida Botica de Olho se diverte com as infames lembranças de sua - na época - inocente vida amorosa, eu, Granola de Açaí, comecei a olhar para o futuro que nos espera.
Daqui à quinze dias teremos de enfrentar um dos nossos maiores medos. Fato. Entretando, muitas outras coisas nos esperam. Não seremos mais alunas de ensino médio, mas sim, universitárias. Ou, pelo menos, 'aspirantes a'. Dia treze de dezembro será o nosso auge, acreditem! Quem nunca desejou uma festa de formatura perfeita que atire o primeiro par de sapatos Arezzo.
Mas olhando um pouco mais adiante temos a melhor estação do ano nos esperando para dois longos meses de curtição. Quer dizer, até onde nossos estados civis atuais permitirem, claro.
Meias-calça coloridas começaram a se tornar fósseis da moda enquanto o tie-dye invade as prateleiras das melhores lojas da cidade. Ora, juntemos um pouco de animação, uma vida temporariamente sem preocupações, roupas e acessórios fresquinhos e, é claro, um pequeno 'exército' de amigas fiéis e carismáticas. E para onde com tudo isso? Hm. Para onde o vento nos levar, queridinhos.
Porque depois do dia vinte e cinco de novembro a única palavra no nosso vocabulário será 'diversão'.
Ninguém vai querer ficar de fora. Ninguém consegue ser normal o suficiente para querer isso.

Nos aguardem :*

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pérolas de uma Vida - II

Mais um texto da coleção Pérolas de uma Vida. Esse trexo é de 2003. Ficadica ;)

Bejotananer

"Se dúvida matasse, com certeza eu estaria morta. Gostar de Bejotananer já é um problema, e agora mudando de colégio, tudo vai piorar. Vou ficar longe dele, o que é acho que vai deixar ele bastante feliz. Com a do bundão ele vai continuar tentando, e ela, por sua vez, continuará dando os foras. O perigo principal, a Pseuda, vai embora comigo, mas mesmo que ela ficasse eu tenho certeza que ele não ficaria com ela (ela não é gostosona como tem que ser pra ele querer). Agora ele já está ficando mais adulto e já deu seu primeiro selinho. O dia do seu primeiro beijo de língua vai chegar, eu tenho certeza que não pode ser comigo. Agora eu não vou mudar de colégio? Então, quando eu fizer uns seis meses que a gente não se ver, vou organizar uma galera para ir para o Shopping. Então, vou pedir para alguém descobrir se ele tá com saudades de mim. Aí alguém chama ele para ir também e só na hora avisa que eu vou. Aí eu vou aparecer (perfeita) e a saudade vai tomar conta. Quando estivermos no cinema (se não for antes), nos beijamos e eu perco o meu B.V., lógico!"

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A retrospectiva.

Quando Botica de Olho era bem mais jovem, lá pros seus 13 anos, ela tinha o tempo e a paciência de escrever em um diário, e todas suas amigas, as botiquinhas, imploravam que ela fizesse desse diário um livro.
Pois bem, os "melhores" textos serão selecionados e postos aqui. E lá vai o primeiro texto encontrado cá nas minhas lembranças.



O Segredo de Bolha Branca

Como assim? Como assim? O segredo de Bolha Branca foi-me revelado pela Guaraná da Amazônia. Mas longe de alguém sonhar que eu sei disso. Tipo... me dá até nojo de falar. Mas é o seguinte: ele me ama perdidamente, é louco pra ficar comigo, namorar comigo! Mas sabe porque não faz isso? Por causa das PUCCAS! Minha gente, vai ser leso assim em outro canto! E tipo, eu não sei de quem ter mais abuso! Lógico que é dele porque pessoas como as PUCCAS sempre existirão, mas pessoas para enfrentá-las só são algumas, e definitivamente Bolha Branca não é uma pessoa dessas.
Por BOTICA DE OLHO, em uma Era passada.